Correligionários de Carlos Lupi admitem a situação delicada do ministro da Previdência Social e iniciaram uma operação para mantê-lo no cargo, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia o futuro do cacique do PDT. O titular da pasta é alvo de fritura no governo após o escândalo das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Neste momento, a ordem no Ministério da Previdência é reunir documentos e qualquer tipo de dado que comprovem ações de Lupi para sanar o problema.
Como revelou o Metrópoles, dezenas de associações parceiras do ministério faziam descontos indevidos nos pagamentos dos aposentados, num esquema que começou no primeiro ano do governo Bolsonaro.
Na sexta-feira (25/4), uma operação da Polícia Federal afastou a cúpula do INSS, inclusive o presidente Alessandro Stefanutto, cuja indicação ao cargo foi assumida por Lupi.
A reunião desta segunda-feira (28/4) do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) servirá de termômetro sobre a situação de Lupi. O colegiado é presidido pelo ministro e conta com integrantes do governo federal, empregadores, trabalhadores e aposentados e pensionistas. Esse será o teste do clima interno após o escândalo explodir.
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Na pauta da reunião está o acordo que pôs fim à greve da Perícia Médica Federal e também a medida provisória que criou o Programa de Gerenciamento de Benefícios, iniciativa que visa diminuir o gargalo das revisões de benefícios previdenciários e assistenciais. São temas que, a depender do resultado da agenda, podem demonstrar o clima no setor pela permanência ou saída de Lupi.
Nesta terça-feira (29/4) o desafio será externo, na Comissão de Previdência Social da Câmara. O ministro foi convidado ao colegiado temático antes da operação da PF. Como trata-se de um “convite”, e não uma convocação, Lupi não é obrigado a comparecer e responder aos eventuais questionamentos dos parlamentares. Um ausência, porém, poderia agravar a posição do pedetista à frente da pasta.
Lula e o PDT de Lupi
O PDT é um dos partidos que fazem parte do núcleo governista, formado pela coalizão de partidos de esquerda e centro-esquerda. Lupi é presidente licenciado da sigla, comandada oficialmente pelo deputado André Figueiredo (CE). Apesar disso, o ministro da Previdência segue como o cacique da legenda, e por isso sua base se movimenta pela manutenção no cargo.
Em 2022, o PDT lançou Ciro Gomes como candidato à Presidência da República, mas logo se alinhou a Lula no 2º turno, à revelia do próprio candidato da sigla. Segundo aliados, Lula deve colocar na balança o quanto a permanência de Lupi significará em termos de aliança com a legenda, e o quanto isso custaria o governo em termos de popularidade.
A eventual instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as fraudes no INSS também está na conta. A avaliação da base do governo, porém, é que a criação de CPIs não deve prosperar na gestão de Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara e de Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado.