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PF abre investigação sobre “boom” do garimpo clandestino em Cristalina

A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o aumento desenfreado do garimpo em Cristalina (GO) nos últimos meses. A decisão da PF ocorre após o Metrópoles visitar o município goiano e revelar o caso no último sábado (17/5).

A informação de que a PF vai iniciar a apuração sobre o caso foi confirmada à reportagem nessa quarta-feira (21/5). A expectativa é de que se descubra quem está comprando toneladas de cristal e de óxido de ferro. Há a suspeita de que pessoas ou organizações de fora do país estejam envolvidas.

Também falta saber de que forma esse material vem sendo empregado, uma vez que o cristal e o óxido de ferro podem ser utilizados de diversas formas. Outra dúvida é sobre o quanto o garimpo aumentou na cidade (em números exatos ou aproximados), dentre outras questões.

O quartzo cristal e o óxido de ferro são recursos minerais pertencentes à União. Extrair, portar ou até mesmo pesquisar esse tipo de material de forma ilegal, isto é, sem autorização das autoridades competentes, é crime ambiental. A pena é de um a cinco anos de reclusão, além de multa.

Entenda o caso

  • Em 7 de maio último, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) prendeu 76 pessoas acusadas de garimpo ilegal em Cristalina e também de invasão de propriedade privada — a garimpagem estava sendo realizada em uma fazenda da região.
  • Em 14 de maio, o Metrópoles foi ao município goiano para conversar com garimpeiros, lapidários, artesãos, revendedores, autoridades policiais e a população em geral para entender o cenário.
  • A reportagem, então, apurou que houve um ‘boom’ no garimpo na região. Cristalina sempre viveu da extração do cristal, mas, nos últimos meses, é notável o aumento anormal de garimpeiros.
  • Tanto os profissionais do setor quanto as autoridades policiais confirmaram o aumento desenfreado. Informações ainda não confirmadas indicam que a alta se dá porque há novos compradores na região.
  • Apurou-se também que a busca não é somente pelo cristal, como sempre ocorreu na cidade, mas também pelo óxido de ferro.
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Garimpeiros e lapidários reclamam de operação policial

Cristal com óxido de ferro vem sendo vendido em larga escala na região
Allisson Gotardo Feitosa da Silva, delegado-chefe da Delegacia de Cristalina
Aguinaldo Matos, 56 anos
Aguinaldo trabalha com garimpo e lapidação há mais de três décadas
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Cristalina é conhecida pelo garimpo de cristais

Breno Esaki/Metrópoles (@brenoesakifoto)

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Garimpeiros e lapidários reclamam de operação policial

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Cristal com óxido de ferro vem sendo vendido em larga escala na região

Breno Esaki/Metrópoles (@brenoesakifoto)

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Allisson Gotardo Feitosa da Silva, delegado-chefe da Delegacia de Cristalina

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Aguinaldo Matos, 56 anos

Breno Esaki/Metrópoles (@brenoesakifoto)

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Aguinaldo trabalha com garimpo e lapidação há mais de três décadas

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Pedra de cristal lapidada por Aguinaldo

Breno Esaki/Metrópoles (@brenoesakifoto)

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Lapidação de pedra de cristal

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Willian Souto é vice-presidente da Associação dos Artesãos, Garimpeiros e Mineradores de Cristalina

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Fachada do Mercado do Cristal, em Cristalina (GO)

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Cristais vendidos no Mercado do Cristal

Breno Esaki/Metrópoles (@brenoesakifoto)

O engenheiro de minas Roberto Ulisses fala sobre o óxido de ferro, produto cuja venda vem aumentando no município goiano. “O óxido de ferro é uma combinação dos elementos químicos ferro e oxigênio em proporções definidas. É o elemento básico que compõe o minério de ferro”, define Ulisses. “São basicamente dois tipos de óxido de ferro que compõem o minério de ferro, o Fe2O3 e o Fe3O4.”

Roberto Ulisses, que é coordenador nacional de câmaras de engenharia de minas e geologia no DF junto ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), explica que há dois tipos de minérios de ferro que podem ser lucrativos. “Os minérios de ferro economicamente viáveis são a hematita e a magnetita, que têm cerca de 70% de ferro. Existem outros que não são óxidos, mas sim hidróxidos, como a goethita e a limonita, mas que não são tão valiosos.”

“Hoje, uma tonelada de minério de ferro com teor de 70% a 80% de ferro custa em torno de US$ 100”, calcula o especialista. “Esse valor oscila, é lógico, em função de oferta e demanda mundial”, alerta.

No entanto, o engenheiro de minas aposta que, se há de fato pessoas de outros estados brasileiros e até do exterior adquirindo minério de ferro garimpado em Cristalina (GO), o interesse é no quartzo, e não no óxido de ferro. “Eu não acredito que estejam comprando minério de ferro, mas sim o cristal de quartzo, porque o quartzo tem maior valor econômico e possui várias aplicações nas indústrias ótica, médica, eletroeletrônica, construção civil…”, opina.

“Uma tonelada de cristal de quartzo vale muito mais do que uma tonelada de minério de ferro”, avalia Rogério Ulisses. “Analisando superficialmente, o quartzo industrial pode chegar a 600 dólares/tonelada, dependendo do grau de pureza e de óxido de silício. Quanto mais puro ele for, mais caro será.”

Renda de R$ 2 mil por semana

O vice-presidente da Associação dos Artesãos, Garimpeiros e Mineradores de Cristalina, Willian Souto, estima que um quilo do óxido de ferro esteja custando cerca de R$ 30, e que cada garimpeiro seja capaz de extrair até 10 quilos diariamente. A partir dessa conta simples, deduz-se um lucro de R$ 300 por dia; mais de R$ 2 mil por semana; e mais de R$ 8 mil por mês. Sem contar o garimpo e a venda do cristal, que continua.

“Desde o ano passado, a gente vem tendo uma procura muito grande pelo óxido de ferro. É um material muito fácil de ser extraído, porque ele ‘dá’ quase no solo, a menos de dois metros de profundidade”, explica Willian Souto. “Assim, passamos a ter não só os garimpeiros que já atuavam, mas também profissionais que deixaram seus trabalhos rumo ao garimpo”, conta.

O presidente da associação atesta que Cristalina passou a receber até mesmo pessoas de outras regiões, dada a facilidade de escavação do óxido de ferro e a oportunidade de venda do material. “Acaba que sai um pouco do controle”, pontua Souto.

15 toneladas

Os números acima podem induzir um bom lucro individual, indicar uma oportunidade profissional e justificar o aumento do garimpo em Cristalina. Mas, como dito anteriormente, o aumento do garimpo vem sendo maior do que se imagina, quebrando recordes de toda a história de Cristalina. Em 10 de maio, por exemplo, a Polícia Militar de Goiás (PMGO) apreendeu mais de 15 toneladas de minerais em uma residência na região, quantidade jamais vista em posse de uma só pessoa no município. O produto foi avaliado em R$ 500 mil pelas autoridades, e um homem foi preso em flagrante porque não possuía autorização para a extração do minério.

“Alguns dias após a operação [que prendeu mais de 70 pessoas acusadas de garimpo ilegal e invasão de propriedade privada], tivemos a prisão em flagrante de um indivíduo que tinha em sua posse cerca de 15 toneladas de cristais. Figurou-se, então, o crime de usurpação de matéria-prima da União”, explica o delegado-chefe da Delegacia de Polícia de Cristalina (GO), Allisson Gotardo. “Os autos foram remetidos para a Justiça Federal, onde também será dada a destinação adequada ao material”, conta Gotardo.

População questiona

A batida policial gerou sentimento de injustiça nos moradores de Cristalina. Os garimpeiros, lapidários e integrantes da Associação de Artesãos, Garimpeiros e Mineradores apontam que garimpo é tradição secular da cidade e reclamam da dificuldade de regularização.

O lapidário Aguinaldo Matos, 56 anos, acredita que a maioria das pessoas presas sequer sabia da necessidade de autorização para o garimpo. “São cidadãos que trabalham de maneira artesanal, com uma enxadinha, catando cristaizinhos por cima [do solo]”, aponta. “Imagina só esse rapaz que foi preso e está proibido de garimpar. Como vai ser para ele cuidar da família, alimentar os filhos?! Isso é muito preocupante”, diz o profissional.

“A lei tem de ser cumprida, mas as pessoas que vivem nessa atividade cultural deveriam primeiramente serem informadas, orientadas, e não houve esse devido cuidado”, lamenta Aguinaldo.

Aguinaldo admite que está com medo a partir da recente operação policial. “Trabalho com lapidação artesanal, tenho muitas pessoas na família que ainda vivem do garimpo”. “É difícil você ser colocado como bandido por exercer uma atividade cultural, que vem de geração em geração”, declara.

O lapidário acredita que a invasão a propriedade privada apontada pela PCGO na operação do último dia 7 tenha sido realizada por visitantes. “Quem fez isso são pessoas de fora, de outra cidade, aproveitando o bom momento do garimpo para poder ganhar dinheiro. Correu a notícia de que o garimpeiro estava ganhando um valor X por dia e despertou o interesse dessas pessoas”, aposta Aguinaldo.

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