A Hapvida (HAPV3) vem ganhando terreno frente à Rede D’Or (RDOR3) no interesse dos investidores institucionais. A avaliação foi divulgada pelo Santander após reuniões com 17 gestores, nas quais o banco identificou maior otimismo em relação à operadora de saúde cearense, graças a questões de preço, desempenho recente das ações e expectativas para os resultados do segundo semestre deste ano.
Os analistas do Santander também apontam que a ação da Hapvida passou por um grupamento de 15 para 1 no início de maio, o que levou o banco a ajustar o preço-alvo de R$ 3,60 para R$ 54 por ação. No pregão desta terça-feira (10), por volta das 14h40 (horário de Brasília), a companhia avançava 0,95%, a R$ 40,27.
A mudança, diz o banco, foi puramente técnica, uma vez que as estimativas para a companhia permanecem inalteradas após a divulgação do balanço do primeiro trimestre deste ano (1T25).

No documento de 2 de abril, a equipe já havia reiterado uma visão positiva sobre os fundamentos da empresa, mencionando que a evolução dos depósitos judiciais ainda segue no radar.
Nas conversas recentes com investidores, a percepção sobre a Hapvida foi mais favorável quando comparada à Rede D’Or, sobretudo por conta do desempenho das ações no acumulado do ano e das projeções de múltiplos para 2026. “Atualmente, os investidores demonstram mais confiança no processo de otimização do capital de giro da empresa e na recuperação da margem para o segundo trimestre deste ano”, dizem os analistas.
Outro ponto levantado foi a possível mudança no foco dos investidores: enquanto as adições líquidas de beneficiários ainda são observadas, a maior parte dos gestores deve concentrar a análise nos indicadores como sinistralidade médica (MLR), evolução dos depósitos judiciais e controle das despesas gerais e administrativas (G&A). Para o segundo trimestre, esses são os principais pontos de atenção.
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No total, 44% dos investidores consultados afirmaram manter posição na Hapvida — número superior aos 40% registrados em março, mas ainda distante dos 67% identificados em uma rodada de reuniões no Rio de Janeiro, em março do ano passado.
A Hypera também foi citada como uma das empresas que ganhou espaço nas carteiras desde a última rodada de reuniões em março. Atualmente, cerca de 25% dos gestores consultados pelo banco possuem posição comprada na farmacêutica, frente a quase zero nas interações anteriores.
Os analistas do Santander ressaltaram que houve melhora na confiança sobre o andamento do projeto de otimização do capital de giro da empresa e nas margens de rentabilidade, com expectativa de retorno da margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ao patamar histórico de 35% ainda neste ano.
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A Rede D’Or segue bem vista por grande parte do mercado, especialmente por seu histórico de crescimento e atuação no segmento hospitalar, que deve apresentar melhores resultados no segundo semestre. O avanço da SulAmérica na base de beneficiários e o controle da sinistralidade também foram mencionados como pontos positivos.
Ainda assim, o forte desempenho recente da ação levou alguns investidores a realizarem lucros. Os múltiplos mais elevados, com preço/lucro ajustado estimado para este ano próximo de 20 vezes, e para 2026 em torno de 16 vezes, também motivaram uma redução da exposição por parte de alguns gestores. Soma-se a isso o adiamento de parte do plano de expansão da companhia, o que enfraqueceu a leitura sobre o crescimento futuro da operação.
A equipe do Santander concluiu que 76% dos investidores ouvidos possuem ações de empresas de saúde ou educação, avanço em relação aos 65% observados em março. No geral, a Hapvida apareceu como a companhia com maior assimetria de valor, segundo os analistas, com parte do mercado já voltando a alocar recursos no papel após a reprecificação dos múltiplos.