Muita gente só procura o médico quando sente que algo está errado. Mas realizar exames de sangue anualmente, mesmo sem sintomas aparentes, é essencial para identificar alterações silenciosas no organismo e prevenir o agravamento de doenças que podem evoluir sem dar sinais.
Segundo o clínico geral e geriatra Paulo Camiz, do Hospital Sírio-Libanês, muitas doenças só são percebidas em estágios avançados, quando já estão mais difíceis de tratar.
“Na medicina, quanto mais cedo você identifica um problema, melhores são as chances de tratar ou controlar. Exames de sangue ajudam justamente a detectar essas alterações antes que o corpo manifeste qualquer sintoma”, afirma.
A periodicidade e o tipo de exame devem ser definidos em conjunto com o médico, levando em conta a faixa etária, os antecedentes familiares e os hábitos de vida de cada paciente.
Se os exames anteriores estiverem normais e a pessoa for saudável, a recomendação costuma ser repetir os testes uma vez por ano. Em casos específicos, como alterações prévias ou doenças crônicas, pode ser necessário acompanhar com mais frequência.
O que os exames podem revelar, mesmo sem sintomas
Entre os exames mais solicitados está o hemograma, que avalia as células do sangue e pode identificar anemias, infecções ou alterações mais graves, como doenças hematológicas.
“A anemia é uma das alterações mais comuns e pode passar despercebida por muito tempo. Às vezes, ela está ligada a problemas na absorção de ferro ou a pequenas perdas de sangue que a pessoa nem percebe”, explica Camiz.
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Outros exames importantes são a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada, que ajudam a diagnosticar diabetes; o perfil lipídico, que mede os níveis de colesterol e triglicerídeos; e os testes de função hepática e renal, que avaliam o funcionamento do fígado e dos rins, respectivamente. Também é comum medir o TSH, hormônio que indica o funcionamento da tireoide.
A médica generalista Thaina Mariz, que atende em Brasília, destaca que esses exames são essenciais para o rastreamento de doenças metabólicas e deficiências nutricionais.
“Eles ajudam a identificar alterações que não dão sinais imediatos, mas que, se não tratadas, podem evoluir para quadros graves. É o caso do colesterol alto, por exemplo, que aumenta o risco de infarto e AVC mesmo sem sintomas prévios”, destaca a médica.
Ela recomenda que, independente da idade, todos façam ao menos um hemograma, um exame de glicemia e o perfil lipídico por ano como forma básica de rastreamento. “São testes simples, acessíveis e que podem oferecer um panorama valioso da saúde da pessoa”, diz.
Prevenção que evita complicações no futuro
Negligenciar os exames de rotina pode significar a perda da oportunidade de detectar doenças ainda em fases reversíveis.
“O principal risco é você só descobrir um problema quando ele já está em estágio avançado. Dependendo da doença, o custo físico e emocional disso pode ser muito alto”, alerta Camiz.
Thaina reforça que, em pessoas com histórico familiar de diabetes, colesterol alto, doenças renais ou hormonais, o acompanhamento preventivo é ainda mais importante.
“Nesses casos, o rastreamento precoce pode evitar complicações sérias. Às vezes, uma simples mudança na alimentação ou a introdução de um medicamento leve já impede que o quadro se agrave”, esclarece.
Além de ajudar na prevenção, os exames de sangue também servem para monitorar o impacto de tratamentos e mudanças de estilo de vida. Se a pessoa adota uma dieta mais equilibrada ou começa a se exercitar, por exemplo, é possível verificar nos resultados se essas medidas estão surtindo efeito.
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