A Secretaria Municipal da Educação de São Paulo confirmou, nesta segunda-feira (2/6), que começará as atividades de requalificação de 25 diretores de escolas afastados de seus cargos nesta semana na capital paulista.
O anúncio acontece depois de uma reunião entre membros da pasta e os diretores terminar com um protesto dos servidores, sob alegação de falta de diálogo com a gestão Ricardo Nunes (MDB).
Protesto
- A reunião na sede da secretaria foi agendada na última quinta-feira (29/5), após um encontro entre representantes dos sindicatos de professores e da pasta da Educação.
- O evento começou com uma fala do secretário Fernando Padula, que alegou ter um compromisso agendado e saiu pouco depois de uma fala inicial, passando a palavra para a secretária executiva da pasta, Maria Silvia Bacila.
- Os diretores, então, questionaram a falta de diálogo com Padula e a não-autorização para que outros servidores, que faziam protesto em frente à secretaria, pudessem entrar na reunião.
- Depois disso, o grupo deixou a sala, antes que a secretária apresentasse o projeto e seguiu em protesto na porta do prédio. Os diretores afirmaram que a gestão queria dar início à formação, sem debater o tema, já nesta segunda.
Em nota, a Secretaria Municipal da Educação disse que vai publicar um novo cronograma para a requalificação de diretores — a programação anterior havia sido suspensa após a reunião com o sindicato na quinta passada — e que o projeto continua.
No texto, a gestão afirma que buscou “em mais de uma oportunidade o diálogo com a categoria a respeito da requalificação dos 25 diretores de escolas convocados para o processo de formação” e repudiou a reação de “representantes de sindicatos” na reunião.
“A Secretaria Municipal de Educação repudia a conduta de representantes de sindicatos de servidores nesta segunda-feira que, de forma desrespeitosa e intransigente, impediu a realização de reunião que já havia sido acordada na semana passada para dar continuidade ao diálogo sobre aprimoramento e organização do cronograma do projeto Aprimorando Saberes”, diz a nota.


Estudantes em escola municipal de São Paulo
Divulgação / Prefeitura de São Paulo
Alunos observam professora em escola municipal
Divulgação / Prefeitura de São Paulo
Sala de aula de escola municipal
Divulgação / Prefeitura de São Paulo
Alunos do 2° ano do ensino fundamental são destaque na avaliação
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Entenda o caso
- A Prefeitura de São Paulo determinou o afastamento de 25 diretores de escolas municipais por causa do desempenho dos alunos em indicadores de educação. Os profissionais foram informados da medida no dia 22 de março.
- Eles trabalham em unidades de tempo integral e estão há pelo menos quatro anos na função, segundo a secretaria.
- A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que os profissionais passarão por uma “requalificação intensiva do Programa Juntos pela Aprendizagem”, criado em abril deste ano com o objetivo de melhorar os indicadores da rede.
- A medida é adotada depois que os baixos indicadores da prefeitura na Educação viraram alvo de críticas durante a campanha de Nunes, em 2024, e ameaçaram a continuidade de Fernando Padula à frente da pasta.
MPSP pede esclarecimentos
Na semana passada, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) solicitou à Secretaria Municipal de Educação que explicasse os motivos dos afastamentos. No despacho, enviado para a SME, a promotora questiona, entre outros detalhes, se os profissionais afastados tiveram a oportunidade de fazer uso do contraditório e direito à ampla defesa.
A gestão Nunes respondeu aos questionamentos na sexta-feira (2/6) e disse que não se tratava de um afastamento, mas sim de uma convocação. A promotora responsável pelo caso, no entanto, entendeu a convocação é um afastamento de fato, porque obriga os diretores a ficarem fora de suas unidades por toda a semana, exceto sexta-feira.
“Apesar de não haver ato formal de afastamento, os diretores estarão quatro dias por semana fora de suas unidades, impossibilitados, portanto, de exercer a gestão. Isso requer maiores explicações da Secretaria Municipal de Educação”, afirmou, em nota, o MPSP.
A decisão de afastar os diretores têm sido criticada por professores que atuam nestas unidades. Eles alegam que a medida foi tomada sem considerar a realidade destas escolas que atendem territórios vulneráveis e têm projetos de destaque na inclusão de alunos.
Uma das unidades impactadas, a EMEF Espaço de Bitita, já foi premiada por seus projetos pedagógicos.
Nesta segunda-feira (2/6), os diretores abandonaram uma reunião com a secretária executiva da Educação, Maria Sílvia Bacila, para falar sobre a requalificação, alegando que a gestão não estava aberta ao diálogo e não permitiu a entrada no encontro de supervisores.