São Paulo — Em meio à iminência da privatização e a ameaças de uma greve, passageiros das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da Companhia Paulista de Trens (CPTM) se dividem sobre o que deve ser feito para melhorar os serviços de trens de São Paulo.
A greve, cancelada na noite dessa terça-feira (25/3) pelo sindicato dos ferroviários, tinha como objetivo protestar contra a o leilão das linhas de trens, que está agendado para esta sexta-feira (28/3).




Trens funcionaram normalmente após cancelamento da greve
Valentina Moreira/ Metrópoles
Estação Estudantes, da Linha 11-Coral
Valentina Moreira/ Metrópoles
Estação faz conexão entre trem e metrô em SP
Valentina Moreira/ Metrópoles
Entrada de estação da CPTM
Valentina Moreira/ Metrópoles
O sindicato argumenta que a privatização irá piorar o serviço de trens. Para isso, os ferroviários usam como exemplo a experiência das linhas 9-Esmeralda e 5-Lilás, operadas pela Via Mobilidade, onde dizem ser frequentes reclamações de superlotação e falhas.
Mas o governo do estado discorda e argumenta que linhas privatizadas como a 4-Amarela do metro, operada pela Via Quatro, ofertam um servico melhor. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), inclusive, já manifestou que pretende prosseguir com as concessões mesmo se houver greve.
O que dizem os passageiros
A discussão se a privatização irá melhorar não o serviço também divide os passageiros.
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Angela Francisca de Santana, que usa a Linha 11-Coral todos os dias, é contra e defende a greve dos ferroviários: “Se a gente for observar, todas as linhas que estão privatizadas estão péssimas. Então [a privatização] atrapalha não só eles. Atrapalha muito mais a gente que os trabalhadores em si da CPTM, então para a gente ia ser pior”.
Assim como ela, o passageiro Jorge Antônio de Oliveira vê a privatização como um retrocesso, mas entende que o sindicato deveria pensar uma outra em forma além da greve para protestar. “A gente vê o exemplo de outras linhas e vê que tem muitas falhas, muita reclamação e o nível de satisfação dos usuários caiu muito (…) Mas paralisar as linhas não, eles tinham que arrumar uma outra forma de reivindicar o que eles querem, mas paralisar prejudica muito a população”.
A questão, Angela observa, é que mesmo não sendo privatizado, o serviço da CPTM já é alvo de muita reclamação. “Cada vez mais cheio, cada vez pior, independente da privatização. Ao longo dos anos foi piorando, e eu não sei onde vai chegar”, disse a passageira.
Mas é justamente por esses problemas que Eduardo, que também usa os trens todos os dias, defende que os trens passem para a iniciativa privada: “Pela Linha 4-Amarela, que é uma excelente linha, pelo exemplo que temos lá, porque lá é privatizado e a coisa anda. Então eu acho que seria uma boa”.
Na opinião dele e do passageiro Matheus Correia, a privatização é uma solução aos problemas enfrentados no cotidiano: “Essa bagunça que é essas linhas, deveria ter mais respeito com os usuários. Eles mudam sem nos avisar (…) se privatizar vai melhorar”.
Discussão sobre a greve
A decisão de cancelamento da greve foi tomada em assembleia realizada na noite dessa terça-feira, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil (STEFZCB), no Brás, região central da capital paulista. Foi uma votação acirrada, com 23 votos contrários e outros 20 a favor da paralisação, além de quatro abstenções.
Antes da assembleia, os sindicalistas se reuniram com o governo do estado e aceitaram a “cláusula de paz” oferecida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2). Pela proposta, a paralisação será suspensa até a sexta, data do leilão.
Enquanto isso, os empregados são autorizados a fazer assembleias nas estações para conscientizar a população sobre as ameaças aos postos de trabalho que entendem haver com a concessão das linhas. O sindicato propôs que os trabalhadores usem vestimentas de cor preta nesses dias como forma de protesto, o que foi aceito pela empresa.