A pedagoga Izabella Nogueira, ex-professora de Sarah Raíssa Pereira de Castro, 8 anos, se emocionou no velório da garota, nesta segunda-feira (14/4). Sarah Raíssa morreu vítima de morte cerebral nesse domingo (13/4), dias após inalar gás de desodorante aerossol por causa de um “desafio” que circula na rede social TikTok.






Izabella Nogueira, professora da Escola Classe 06
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Corpo de Sarah Raíssa, de 8 anos, é enterrado após inalar gás de desodorante aerossol
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Corpo de Sarah Raíssa, de 8 anos, é enterrado após inalar gás de desodorante aerossol
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Corpo de Sarah Raíssa, de 8 anos, é enterrado após inalar gás de desodorante aerossol
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Corpo de Sarah Raíssa, de 8 anos, é enterrado após inalar gás de desodorante aerossol
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Corpo de Sarah Raíssa, de 8 anos, é enterrado após inalar gás de desodorante aerossol
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Izabella teceu diversos elogios à garota. “Sarah era muito ávida. Estava sempre ali brincando, conversava bastante com a gente”, define. “Ela cativava todo mundo todos os dias.”
“A Sarah era como qualquer outra criança: curiosa. A gente percebeu que, depois da pandemia, isso ficou mais latente. Parece que as crianças voltaram mais ávidas, mais corajosas e com alguns hábitos que a gente não entendia antigamente”, comenta a professora. Ela aposta que Sarah acabou fazendo o “desafio” em questão graças a essa curiosidade.
Sem conseguir esconder a emoção, Izabella dimensiona o quanto a perda marcará a EC 06. “A gente vira uma família, as crianças passam mais de seis horas com a gente. “Nós [professores] os ensinamos a sonharem ser médicos, enfermeiros, a bater asas… Hoje, temos de entregar um deles ao Senhor”, lamenta a professora.
Assista ao depoimento:
O que aconteceu
- Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Sarah Raíssa Pereira de Castro deu entrada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) na quinta-feira (10/4), após ter inalado gás de desodorante.
- A menina foi influenciada por uma trend do TikTok.
- Sarah teve uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada após uma hora de tentativas por parte dos médicos. Ela, no entanto, não respondeu mais a estímulos e teve constatada a morte cerebral nesse domingo (13/4).
- Sarah foi velada nesta segunda-feira (14/4), na presença de familiares, amigos e colegas de escola.
- Agora, a PCDF investiga como a criança teve acesso ao referido desafio. O caso é apurado pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro).
- O delegado-chefe da 15ª DP, João Ataliba Neto, afirma que o responsável pela publicação do desafio poderá responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado (através de meio que pode causar perigo comum e por ter sido praticado contra menor de 14 anos de idade), cuja pena pode alcançar os 30 anos de prisão.
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Sarah queria ser médica
Em uma breve conversa com jornalistas durante o velório da filha, o pai de Sarah Raíssa, Cássio Maurilio, contou sobre os planos dela para quando se tornasse adulta. “Eu a incentivava a estudar. Ela dizia que iria, mas não para ganhar dinheiro, e, sim, para salvar vidas. Ela queria ser médica”, contou.
Ainda segundo Cássio, a família pretende cobrar providências do TikTok e da empresa fabricante do desodorante usado pela menina. “Nada do que eu fizer agora vai trazê-la de volta, mas, se minhas palavras impedirem que outras pessoas percam a vida, estarei satisfeito”, completou o pai.
PCDF quer saber
O delegado-adjunto da 15ª DP Walber Lima (foto abaixo) afirmou, nesta manhã, que o inquérito aberto para apurar as circunstâncias da morte busca descobrir como a vítima teve acesso ao conteúdo do desafio, para identificar os responsáveis pela proposta.
“Se ficar comprovado que ela acessou isso, a rede social por meio da qual ela assistiu ao vídeo será oficiada, para que consigamos mais informações acerca do criador das imagens”, afirmou Walber, nesta segunda-feira.
“O laudo cadavérico vai nos indicar a causa da morte. O celular da criança foi apreendido, e o laudo pericial demora cerca de 30 dias para ficar pronto. Assim que tivermos essa prova técnica, poderemos avançar nas investigações”, comentou o delegado.
O delegado chamou a atenção pela facilidade com que crianças consomem esse tipo de conteúdo por meio de tecnologia acessível.
“As crianças precisam ser monitoradas e supervisionadas acerca do conteúdo a quem têm acesso, para que casos semelhantes ou idênticos a esse não voltem a acontecer. Fica o alerta aos pais, para que as supervisionem, porque, hoje, o fato de elas estarem em casa não significa que elas estejam seguras”, concluiu o investigador.