Há quem defenda que o termo “invasão chinesa” é um tanto exagerado. Mas não dá para fechar os olhos para a quantidade de marcas da China se estabelecendo em nosso mercado nos últimos anos.
JAC e a Caoa Chery já estão aqui há algum tempo. Mas a diáspora começou mesmo com BYD e GWM. As duas foram as maiores responsáveis por trazer novas concorrentes de sua terra natal. As mais recentes foram a Neta, Seres e a Zeekr. E os chineses não vão parar por aí.
Até o final de 2025, devemos ter ao menos 12 representantes chinesas em nosso mercado, superando qualquer outra nacionalidade. Então para ninguém ficar perdido, preparamos um resumo básico para você saber quais serão as próximas a chegar no Brasil.
SAIC/MG
A SAIC é uma das maiores montadoras da China e é famosa por suas joint ventures com fabricantes ocidentais tradicionais, como a Chevrolet e Volkswagen. E para chegar ao Brasil ela também usará uma marca que tem origem no nosso lado do meridiano de Greenwich.
A MG — ou Morris Garage — foi fundada em 1920 no Reino Unido por Cecil Kimber. Já centenária, a marca é controlada pela SAIC desde 2007 e, apesar disso, faz mais sucesso na Europa do que na China.
Seu carro-chefe é o MG4 EV, um hatch médio elétrico e um dos principais rivais dos modelos BYD no Velho Continente. Só em 2023, ele vendeu 72.421 unidades por lá e, pelo apelo histórico da marca, seu principal mercado é o Reino Unido.
O hatch já foi avistado em testes no Brasil em sua versão mais potente, XPower, de 435 cv e 385 km de autonomia. Porém, ele acaba de ter uma nova geração revelada na China, que muda radicalmente seu visual, deixando-o bem menos agressivo.
Outro modelo já avistado aqui é o ES5, um SUV médio que compartilha a plataforma com o MG4. Esse é um modelo mais familiar, tendo motor elétrico dianteiro de 170 cv e podendo vir com duas opções de bateria: 49,1 kWh para 425 km de autonomia, e 62,2 kWh, que garante até 515 km.
Entre 2011 e 2013 a MG estava presente no Brasil com dois modelos. O MG6 e o MG550 chegavam apenas via importação, feita pelo Forrest Goup.
Omoda & Jaecoo
São duas marcas — como Jaguar & Land Rover — porém que atuarão sempre juntas a partir de abril. Até as concessionárias serão as mesmas, mantendo cada showroom de um lado das lojas.
Elas são filhas da Chery, que as criou justamente para serem exclusivamente internacionais. Ou seja, elas não atuarão na China, apesar de seus modelos virem de lá inicialmente.

A Omoda fará sua estreia com o E5, um SUV elétrico de 204 cv. Já a Jaecoo apostará no SUV híbrido plug-in 7, com um sistema semelhante aos dos Caoa Chery, porém, mais potente. Seu motor a combustão é um 1.5 de 135 cv e é auxiliado por dois motores elétricos que somam 204 cv. No total, o conjunto entrega 339 cv.
O início das operações será com unidades importadas, mas os planos são de iniciar uma produção nacional ainda em 2025. Os executivos das marcas falam que há negociações avançadas para um fábrica, mas não divulgaram maiores detalhes. A antiga planta da Caoa Chery em Jacareí, interior de São Paulo, é uma das mais cotadas.

GAC
A pronúncia é em inglês, assim como em BYD, mas a marca é uma das cinco maiores da China. Conforme anunciado recentemente, junto de sua associação à ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o Brasil é uma prioridade para a montadora, por isso há investimento pesado em nosso país.
Compartilhe essa matéria via:
Serão U$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) investidos no Brasil nos próximos cinco anos. Isso dará origem a uma fábrica completa para produzir carros a combustão, híbridos e elétricos. Mas anteriormente, a GAC já havia feito um aporte de R$ 120 milhões para a fabricação de motores híbridos flex, de olho nas novas regras do Programa Mover e do futuro IPI Verde.
Enquanto a produção nacional não começa, a GAC estreará por aqui com sua marca de carros elétricos, a Aion, com três modelos. O Y Plus é um meio termo entre minivan e SUV, tendo, 4,54 m de comprimento. No Inmetro, sua autonomia é de 318 km e o motor é de 136 cv.

O Aion Hyptec HT chama atenção por ser um SUV tradicional com portas que abrem no estilo gaivota. Ele será vendido em duas versões com os mesmos 362 km de autonomia, mudando apenas o tamanho da bateria (70 kWh ou 99,5 kWh) e a potência (245 cv ou 340 cv).
Por último temos o Aion ES, um sedã de 4,81 m de comprimento. Ele é o mais simples dos três, tendo tudo para ocupar o posto de sedã elétrico mais barato do país, custando abaixo dos R$ 200.000. Se motor tem 136 cv e a autonomia é de 314 km, de acordo com o Inmetro.
Denza
A BYD foi uma das responsáveis por esse movimento de chineses vindo atuar no Brasil, mas ela não vai parar apenas com sua marca principal. Para esse ano, eles anunciaram a chegada da Denza, que focará em carros mais luxuosos.
O interessante é que a Denza será responsável também por abrigar outras marcas do grupo, que por terem nomes muito asiáticos, acabaram sendo todas integradas debaixo do mesmo guarda-chuva.

Uma delas é a Fangchengbao. A Denza abrigará o seu modelo Bao 5, que no Brasil será chamado apenas de B5. O jipão usa a mesma arquitetura DMO da picape Shark, ou seja, também será um híbrido plug-in. Ele tem 680 cv e 77,5 kgfm e uma autonomia elétrica de 125 km, de acordo com o ciclo chinês
Outro veículo já registrado no Brasil é o Denza Z9 — esse sendo da própria marca. Disponível nas carrocerias sedã ou perua, ele será o rival ideal de esportivos como o Porsche Taycan.

Mas ainda não sabemos todos os detalhes da sua chegada, o que cria dúvidas sobre a motorização. O Z9 tem versões híbridas plug-in de 807 cv ou elétricas de 952 cv. Pelos desenhos de patentes registrados, parece que teremos as duas.
Leapmotor
Até a Stellantis quis ter uma marca chinesa para chamar de sua. Pensando nesse movimento, a marca comprou parte da Leapmotor e pode vender seus carros internacionalmente.

Já rodando em testes por aqui, sua estreia será com o SUV grande C10, que mede 4,74 m de comprimento. São duas motorizações disponíveis na China, sendo a mais simples equipada com motor elétrico de 231 cv, podendo ter bateria de 52,9 kWh (410 km pelo ciclo CLTC) ou de 69,9 kWh (530 km).
Há também a versão com extensor de alcance. No caso, a autonomia extra vem de um motor 1.5 que não traciona as rodas. O motor elétrico tem os mesmos 231 cv, mas a autonomia pode chegar aos 1.190 km, graças ao motor a combustão.
Geely
Essa já atua no Brasil, afinal, é a dona da Volvo e Zeekr. Mas a Geely quer trazer sua marca homônima para nosso país. E, para isso, contará com a parceria da Renault.
Conforme anunciado recentemente, as duas fecharam um acordo no qual a Geely poderá usar as concessionárias da Renault para vender seus modelos. Mas não é só isso, já que a chinesa também poderá usar as fábricas da colega francesa.

Essa parceria não é de agora, e até já gerou uma fabricante de motores — a Horse. Outro detalhe é que o SUV Renault Grand Koleos, que será lançado esse ano aqui no Brasil, foi feito com base em um modelo da Geely.
Para viabilizar o negócio, a Geely Holding investirá na Renault do Brasil para se tornar um acionista minoritário, viabilizando o acesso às linhas de produção. Para não conflitar com a linha da francesa, a ideia é trazer apenas híbridos e elétricos, pelo menos em um primeiro momento.
Assine as newsletters QUATRO RODAS e fique bem informado sobre o universo automotivo com o que você mais gosta e precisa saber. Inscreva-se aqui para receber a nossa newsletter
Cadastro efetuado com sucesso!
Você receberá nossa newsletter todas as quintas-feiras pela manhã.
A Geely ainda não confirma quais carros serão lançados aqui, mas a suspeita é que sejam os SUVs Galaxy E5 (elétrico) e o Starship 7 (PHEV). O primeiro já foi flagrado rodando em testes, enquanto o segundo já está registrado no Brasil.
Polestar
Ainda falando da Geely, a Polestar é outra marca que anunciou sua chegada no Brasil. O comunicado ocorreu em julho do ano passado, mas nada mais foi dito desde então.

A Polestar começou como uma preparadora esportiva da Volvo, depois evoluiu para marca própria e foi comprada pela Geely. Seus modelos, no geral, são variações dos Volvo que conhecemos. Por esse motivo, além da falta de informações, fica difícil chutar quais carros ela trará para o Brasil, uma vez que pode rolar conflito de interesses entre as duas marcas.