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Quando entramos em colapso? (por Eduardo Fernandez Silva)

Pode-se estranhar a pergunta, uma vez que ouvimos diariamente que a civilização tem avançado e que novas tecnologias nos trarão glórias ainda maiores. A segunda afirmação é questionável, pois todas as novidades trazem aspectos positivos e negativos, raramente devidamente ponderados. A primeira é puramente ideológica, pois não se define nem se mede o “avanço” de uma civilização.

Não obstante, são muitos os casos de antigas civilizações que colapsaram. Será que seus habitantes também e equivocadamente se autodenominavam sapiens? A crença de que “desta vez somos diferentes” é pura propaganda, como resume o dito popular: “quanto maior o pau maior o tombo”!

Eric Cline analisou o colapso simultâneo das “avançadas” civilizações da Idade do Bronze Recente: hititas, egípcios, Grécia micênica, cipriotas e várias outras, todas elas localizadas no mediterrâneo oriental e no que hoje chamamos oriente médio. Como o fato ocorreu no início do século XII AC, é impossível estabelecer uma razão única para explicar o colapso. As evidências arqueológicas mostram com clareza que o processo foi longo, violento e de grande sofrimento. Quais fatores levaram ao colapso?

Vários, cada um com diferentes pesos, conforme o analista. À época a região foi afetada por fortes terremotos, e razões ainda não esclarecidas interromperam a intensa globalização então vigentes, com comércio internacional e grande complexidade nas relações econômicas e políticas. Cartas trocadas – em idiomas há muito restritos a especialistas – entre diferentes faraós e reis mostram cooperação, disputa, alianças, traições, erros e acertos de estratégias comerciais e militares, evidenciando a intensa troca de produtos e ideias.

Outro fator importante foi – pasmem os incrédulos de hoje! – mudança climática! Sim, não só cartas de contemporâneos informavam da seca e da fome; registros de carbono e análises recentes de sedimentos de pólen em lagos e outras estruturas atestam a seca, ou melhor, a mega seca de décadas ocorrida então! Alguma dita “potência agrícola” atual, seja o Brasil, os EUA ou a Ucrânia, resistiria a uma seca de 20, 30 anos ou mais? Como ficaria o “agribusiness” diante de um tal fato? Mesmo sem seca ou mega seca nossas tecnologias e instituições não conseguem acabar com a fome; como se comportarão em tal calamidade? E como reagirá a população faminta?

Muitos dos fatores que levaram ao colapso repetem-se hoje, com maior ou menor força. Um deles é a visão limitada dos líderes, apontado por uns e questionado por outros. Já a civilização atual é dirigida por pessoas que só enxergam e agem em razão do próximo ciclo eleitoral – ou, no caso dos dirigentes corporativos, o resultado do trimestre. Assim, os arqueólogos do futuro, ao analisarem os escombros do nosso mais ou menos iminente colapso, saberão eles dar o devido peso à limitadíssima visão dos que nos governam?

 

Eduardo Fernandez Silva. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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