O CDI, indicador bastante usado na renda fixa, costuma andar junto com a Selic, normalmente 0,1 ou 0,2 ponto percentual abaixo da “coleguinha”. Como a taxa básica de juros foi elevada para 14,25% na quarta-feira (19), como esperado pelo mercado, o índice deve ficar próximo de 14,15%.
Nesse patamar, os ativos atrelados a 100% CDI tendem a oferecer retornos mais atrativos para os investidores. Confira abaixo quanto R$ 1 milhão renderia em aplicações vinculadas ao índice, como CDBs e LCIs/LCAs, e compare com Tesouro Selic e poupança.
CDB
Disponível em boa parte dos bancos, é um dos títulos de renda fixa preferido dos brasileiros. Só em 2024, eles receberam R$ 1,01 trilhão em investimentos de pessoas físicas, ante R$ 181,9 bilhões no Tesouro Direto, segundo dados da Anbima.
O montante de R$ 1 milhão em um CDB que paga 100% do CDI se transformaria em R$ 1.116.737,50 líquidos em um ano, já descontados R$ 24.762,50 de imposto de renda (IR). Em dois anos, a bolada pularia para R$ 1.257.568,91, também sem os R$ 45.453,34 de IR.
O imposto no CDB segue uma tabela regressiva que varia de acordo com o prazo: 22,5% (até 180 dias); 20% (181 a 360 dias); 17,5% (361 a 720 dias); e, por fim, 15% (acima de 720 dias). A mesma regra vale para títulos do Tesouro Direto.
LCI e LCA
Diferente dos CDBs, as LCIs e LCAs não pagam IR. Por isso, para ser justo com os certificados bancários, o cálculo toma como base LCIs/LCAs que pagam 85% do CDI, pois são equivalentes a um CDB a 100% do indicador. R$ 1 milhão nesse tipo de instrumento viraria R$ 1.120.275,00 em um ano – mais do que o CDB. Em dois anos, o valor saltaria R$ 1.255.016,08.
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Tesouro Selic
O Tesouro Selic paga menos do que os outros dois títulos. Isso porque, além do IR, há também uma taxa de custódia na B3, que costuma ser de 0,20% ao ano, para aplicações acima de R$ 10 mil. Em um ano, portanto, o total se transformaria em R$ 1.115.277,50; em dois, iria para R$ 1.254.283,87.
Poupança
A poupança é isenta de IR, mas sempre fica na lanterninha na comparação com outras aplicações de renda fixa. Hoje, a caderneta paga 0,5% ao mês – ou 6,17% ao ano – mais a variação da TR (Taxa Referencial). A forma de cálculo deve mudar se algum dia a Selic cair para menos de 8,5% ao ano. Se isso ocorrer, ela passará a render 70% da Selic. O montante de R$ 1 milhão subiria para R$ 1.084.049,98 em um ano e R$ 1.175.164,36 em dois.
Confira um resumo do rendimento de R$ 1 milhão em renda fixa com a Selic em 14,25%:
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| Ativo* | Total com rendimento em 1 ano** | Total com rendimento em 2 anos** |
| CDB 100% do CDI | R$ 1.116.737,50 | R$ 1.257.568,91 |
| LCI e LCA 85% do CDI | R$ 1.120.275,00 | R$ 1.255.016,08 |
| Tesouro Selic | R$ 1.115.277,50 | R$ 1.254.283,87 |
| Poupança | R$ 1.084.049,98 | R$ 1.175.164,36 |
*As simulações consideram Selic de 14,25% em estabilidade ao longo de dois anos e TR de 0,1739 %.
**Total líquido
Cuidados e riscos
CDBs, LCIs e LCAs são considerados investimentos de risco bancário, mas contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como a poupança. Porém, como o limite da cobertura é de até R$ 250 mil, por CPF, essa garantia não valeria para uma aplicação de R$ 1 milhão. O recomendado pelos especialistas é não colocar tudo na mesma cesta.
Já o Tesouro Selic, apesar de não ter cobertura do FGC, tem risco soberano – ou seja, o risco de o país não honrar com os pagamentos.