Um dos mandantes da Chacina de Unaí, que morreu na madrugada desta quinta-feira (15/5) em um hospital no Distrito Federal, Antério Mânica foi condenado a 89 anos de prisão pelo crime brutal, cometido em 2004 na região do Noroeste de Minas. Na ocasião, três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista foram executados.
O fazendeiro foi prefeito de Unaí durante os anos de 2005 e 2009 e era um dos nomes poderosos do agronegócio daquela região. Antério tratava um câncer de pâncreas e comorbidades associadas como diabetes e pressão alta. Em abril deste ano, o homem teria passado por cirurgia em decorrência de uma queda e estava em coma induzido desde então.
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Antério Mânica, condenado pela Chacina de Unaí, se entrega à PF
Em setembro de 2024, Antério Mânica foi detido pela Polícia Federal, mas cumpria prisão domiciliar por questões de saúde desde novembro do mesmo ano, ficando preso em regime fechado por apenas dois meses. A prisão foi determinada pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região 4 por Antério ser um dos mandantes do crime ao lado do irmão, Norberto Mânica.
O mandante da chacina estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília. Em abril deste ano, teve uma queda no quarto da unidade de saúde e sofreu traumatismo craniano. Mânica passou por cirurgia de emergência no último dia 9 e, desde então, permanecia em coma induzido, em estado grave.




Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí
Reprodução/Redes sociais
Fazendeiro Antério Mânica, preso como mandante do crime conhecido como Chacina de Unaí
Reprodução/TV Globo
Local da chacina de Unaí
José Cruz/Agência Brasil
Protesto por conta da chacina de Unaí (MG)
Wilson Dias/Agência Brasil
Crime e condenações
Os auditores fiscais do Ministério do Trabalho Nelson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira, foram assassinados em 28 de janeiro de 2004, quando fiscalizavam denúncias de trabalho escravo em fazendas da região.
O carro deles foi abordado por pistoleiros em uma estrada rural, e todos acabaram mortos à queima-roupa, sem chance de defesa.
Em novembro de 2015, Mânica foi condenado a 100 anos de prisão por mandar matar três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista que estava com as vítimas. Entretanto, em 2018, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a sentença e determinou novo julgamento.
Em maio de 2022, ele passou por um novo julgamento e acabou condenado a 64 anos de prisão por quádruplo homicídio triplamente qualificado. Antério foi citado como mandante do crime, quando Erinaldo de Vasconcelos Silva, um dos autores dos disparos, disse que, apesar de não ter contato direto com o ex-prefeito, soube que Mânica era o mandante por Chico Pinheiro, acusado de ser o contratante dos pistoleiros. Os homens teriam recebido R$ 300 mil para cometer a chacina.
Além dos irmãos, Mânica, Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro, Rogério Alan Rocha, Erinaldo Silva e William Gomes de Miranda também foram condenados por participação nos assassinatos.