Há pessoas para quem as homenagens nunca serão demasiadas — Rita Lee é uma delas. Entre 2021 e 2022, a cantora foi tema de uma exposição no MIS; há anos inspira o musical que leva seu nome, protagonizado por Mel Lisboa, premiada com um Shell pelo papel; neste mês, foi celebrada em um documentário da Max e, agora, em 22 de maio, ganha mais uma produção sobre sua história, desta vez nas telas do cinema: Ritas, dirigido por Oswaldo Santana e Karen Harley.
O longa estreia na data que Rita Lee escolheu para comemorar aniversário. Ela nasceu em dezembro, mas preferiu celebrar a vida no dia de Santa Rita. No arranjo simbólico, manteve o signo de Capricórnio. A decisão, irreverente como ela, virou lei: a A Câmara Municipal de São Paulo oficializou a data no calendário estadual em 2023, como o Dia de Rita Lee.
Embora aborde temas semelhantes ao recente documentário da Max — como a briga com os Mutantes, a parceria com Roberto de Carvalho, a censura às suas letras na ditadura militar e o amor pelos filhos, netos e pets —, Ritas se diferencia pelo olhar. Em vez de reconstruir Rita a partir de depoimentos de familiares, amigos e parceiros de banda, é a artista quem conduz a narrativa, em sua fase mais madura, refletindo com lucidez, humor e afeto sobre a própria trajetória.

Rita Lee morreu em 2023
Rita Lee e Maria Bethânia: dueto é mostrado em filme
Rita Lee e Elis Regina
Quem já conhece o musical ou o documentário da Max, obviamente vai encontrar uma narrativa familiar, mas a presença direta de Rita Lee na tela traz uma nova dimensão à história. É ela mesma que conduz o espectador a revisitar sua trajetória, com sua voz, humor e sensibilidade.
Há relatos sobre as influências de Gilberto Gil, Elis Regina e João Gilberto, por exemplo, duetos raros, como o de Rita Lee e Maria Bethania durante o programa Chico e Caetano, exibido em 1986, além de cenas inéditas e clipes que comprovam a inventividade e irreverência que sempre marcaram a carreira de Rita. Ao todo, o filme conta com mais de 30 músicas interpretadas pela cantora, com direito a performances icônicas.
O documentário também conta com material inédito: um trecho de depoimento de Rita Lee, em 1969, ainda nos Mutantes, para a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa), e um trecho do concerto da Rita em Montreux (1992), que, apesar de não ser inédito, é raro ser visto.
Com tudo isso, a pergunta do título — vale a pena ver o filme? — talvez se responda sozinha. Se a obra de Rita Lee já te tocou, esse filme é mais um mergulho essencial. Se não, talvez seja a chance perfeita para conhecer a mulher que existe dentro da lenda. Rita é múltipla, complexa e ainda hoje inspira gerações.