São Paulo — A Polícia Militar (PM) afirmou, na noite desta terça-feira (15/4), que vai investigar o vídeo publicado pelo 9° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), de São José do Rio Preto e região, no interior de São Paulo, em que uma cruz aparece incendiada em um material com tom supremacista, que remete a rituais de grupos como a Ku Klux Klan, nos Estados Unidos. O material foi divulgado nas redes sociais da tropa, mas retirado do perfil, posteriormente.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a corporação instaurou um procedimento para investigar as circunstâncias relativas ao caso, assim que tomou conhecimento das imagens. Além disso, a Polícia Militar (PM) afirmou que repudia “toda e qualquer manifestação de intolerância”.
“A Polícia Militar é uma instituição legalista e repudia toda e qualquer manifestação de intolerância. Assim que tomou conhecimento das imagens, a Corporação instaurou um procedimento para investigar as circunstâncias relativas ao caso. A Corporação não compactua com desvios de conduta e reforça que qualquer manifestação que contrarie seus valores e princípios será rigorosamente apurada e os envolvidos responsabilizados”, diz o texto enviado pela pasta.
Vídeo com tom supremacista
O perfil do Instagram do 9° Baep publicou nesta terça um vídeo produzido envolvendo imagens aéreas e trilha sonora feito em um ambiente noturno. Nas imagens uma cruz aparece pegando fogo e uma trilha com o caminho marcado pelas chamas.
O material foi apagado minutos depois da publicação, mas o Metrópoles teve acesso à publicação. Veja:
Pelas imagens é possível contar pelo menos 14 PMs diante da cruz. No fundo, aparece a palavra Baep também pegando fogo, além de bandeiras da corporação ao lado e viaturas da PM ligadas.
O 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) foi procurado pela reportagem, mas não se posicionou sobre o vídeo. O Metrópoles apurou que o comando do batalhão foi cobrado internamente a prestar esclarecimentos.
O que é Ku Klux Klan
A Ku Klux Klan (KKK) surgiu nos Estados Unidos, na segunda metade do século XIX, entre os anos de 1865 e 1866, na cidade de Tennessee, no sul do país.
Entre outras coisas, o movimento defendia ideias supremacistas brancos, promovendo atentados contra negros, recém-libertados pela 13ª Emenda Constitucional dos Estados Unidos. Brancos que de alguma forma defendiam os direitos dos negros também eram alvos dos ataques.
Ao longo dos anos de existência do grupo terrorista, os ataques continuaram sendo focados nos negros e incluíram os judeus a partir do século XX.
No ponto mais alto, o grupo terrorista contou com quatro milhões de membros na chamada segunda fase. Foi nessa época que a cruz em chamas se tornou um símbolo da klan.
No vídeo divulgado e apagado pelo Baep, um dos elementos é justamente uma cruz pegando fogo.