São Paulo — Um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), publicado em 13 de fevereiro, apontou as causas da queda de um avião de pequeno porte que se acidentou em Piracicaba, no interior de São Paulo, em 14 de setembro de 2021. As sete pessoas que estavam a bordo, sendo dois pilotos, morreram.
A aeronave modelo B200GT e matrícula PS-CSM, partiu do Aeródromo de Piracicaba por volta das 11h35min (UTC), para a realização de um voo privado com destino ao Aeródromo Fazenda Tarumã, em Santa Maria das Barreiras (PA). Segundo o relatório, o alerta de estol – que significa perda de sustentação – soou logo após a decolagem.
“Constatou-se que a velocidade da hélice de um dos motores aumentou acima do ajuste normal durante a decolagem. Na sequência, ocorreu o aumento do ângulo das pás da hélice do motor direito em direção à posição de embandeiramento, seguido da perda de controle da aeronave”, diz o documento. A aeronave ficou destruída.
Causas da queda
De acordo com o relatório do Cenipa, contribuíram para a queda da aeronave:
- Peso acima do recomendado: o avião decolou com 1.374 libras (623,24 kg) acima do Peso Máximo de Decolagem (PMD) previsto pelo fabricante.
- Erro de atitude: ao rodar a aeronave em uma velocidade inadequada (para o peso excessivo), o avião transitou pela condição de pré-estol. “Essa postura de improvisação relacionada ao PMD agravou a condição vivenciada levando ao desfecho do acidente em questão”, concluiu o relatório.
- Julgamento de pilotagem: foram utilizadas as velocidades e parâmetros de uma decolagem típica (isto é, com a aeronave no peso adequado), reduzindo-se a potência pouco após o recolhimento do trem de pouso. Isso significa que não ocorreu a avaliação adequada dos parâmetros de voo, culminando com a condição de estol da aeronave.
- Piloto sem qualificação: ainda que a aeronave pudesse voar com apenas um comandante, dois estavam presentes. O segundo, no entanto, não possuía a qualificação necessária para operar o modelo B200GT.
- Desatenção: a análise do desempenho dos pilotos no voo do dia anterior evidenciou episódios de desatenção, como aqueles relacionados ao abaixamento do trem de pouso, apontou o Cenipa. No voo da ocorrência, a tripulação não notou em tempo hábil, que a velocidade se reduzia, fato que limitou a possibilidade de se reagir rapidamente à condição de estol.
- Percepção tardia: também relacionada à desatenção, a condição de estol não foi percebida em tempo hábil para que pudesse ser projetada uma reação. Naquele contexto, “houve a percepção exclusivamente da condição de RPM da hélice ligeiramente excessivo, com um valor máximo de 25 RPM, que prejudicou a consciência situacional pertinente aos demais aspectos do voo”, concluiu o relatório.
Após a análise, o Cenipa recomendou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) analisar a viabilidade de estabelecer prazo de validade para as qualificações de pilotos emitidas para modelos específicos de aeronaves Classe, como o B200. O objetivo, segundo o centro, é “assegurar que os pilotos passem por um processo de reciclagem nesses modelos de aeronaves”.