São Paulo – Os servidores públicos municipais de Guarulhos, Grande São Paulo, entraram em greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (12/5). A paralisação foi adotada por trabalhadores de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e de escolas após a rejeição da proposta de reajuste salarial apresentada pela prefeitura municipal. A administração alega dívida milionária e orçamento limitado.
Mais de mil servidores se concentraram em frente ao Paço Municipal, onde está localizado o gabinete do prefeito, nesta manhã. Em ato público, manifestantes lamentaram as condições de trabalho em escolas e UBSs e protestaram contra o prefeito Lucas Sanches (PL) e o secretário municipal Joseval de Queiroz (PL).


Escolas e UBSs estão sem funcionar nesta segunda-feira
Rômulo Magalhães/Stap
O reajuste foi aprovado pela Câmara Municipal, mesmo após recusa dos trabalhadores
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Os professores alegam salário defasado e condições de trabalho ruins
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Ainda não foram entregues materiais da prefeitura para todas as escolas de Guarulhos
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Manifestantes protestam contra o secretário municipal e o prefeito
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Servidores são chamados de vagabundos por aderirem greve
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Os professores alegam salário defasado e condições de trabalho ruins
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Para repor perdas inflacionárias, a categoria havia decidido em assembleia promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública Municipal de Guarulhos (Stap) a necessidade de um reajuste salarial de 8%. A prefeitura, contudo, representada pelo prefeito Lucas Sanches (PL), apresentou uma contraproposta de 2%, que foi rejeitada.
Mesmo com a recusa dos servidores públicos, após a assembleia entre as partes no dia 6 de maio, a administração municipal enviou o projeto de lei à Câmara Municipal de Guarulhos — que foi aprovado na tarde de quinta-feira (8/5) pela maioria dos vereadores e sancionado como lei.
Escolas sem uniforme e materiais
Entrevistada pelo Metrópoles, a professora Nery Travessos, concursada desde 2001, afirma que a greve busca reivindicar melhores condições de trabalho e uma remuneração justa. De acordo com a mulher, alunos de escolas municipais sofrem com falta de materiais oferecidos pela prefeitura e os professores com a remuneração defasada.
“As escolas têm um dinheiro que elas podem cobrir, mas isso não dá para cobrir tudo. Cadernos, por exemplo, as crianças têm usado muitos cadernos ainda do ano passado. Lápis, as crianças usam o tempo todo, então precisam sempre de reposição, isso deveria vir direto da prefeitura. A gente ainda não teve entrega de uniforme este ano”, lamenta a mulher.
A docente conta, ainda, que foi determinada a necessidade de um reajuste de 20% entre os benefícios de Vale Alimentação/Vale Refeição e Cesta Básica pelos servidores, porém, só foi atendido 5,8% pela administração. Ela ressalta que, ao decidirem adotar a greve e exigir direitos, os servidores são chamados de “vagabundos” e acusados de não querer trabalhar.
“Eu preferia estar lá na escola trabalhando, não parada no meio da rua pedindo pro prefeito me valorizar. Inclusive, tem umas coisas assim, que eles falam que a gente é vagabundo, eu não sou vagabunda. Eu quero trabalhar, eu quero dar uma aula decente, mas quando a gente tem uma falta de valorização, como a gente já é desvalorizado socialmente, ainda vem mais sucateamento do salário, é muito difícil”, concluiu Nery.
A manifestação desta segunda faz parte da mobilização organizada pelo Stap, que recorre à decisão da prefeitura e da câmara municipal. Por meio de comunicado, o presidente do sindicato, Pedro Zanotti Filho, afirma que a determinação não foi aceita e que a luta deve continuar.
“O Servidor não vai aceitar essa proposta que está abaixo da inflação. 2% ninguém vai aceitar. Por isso, nós estamos em greve e a luta vai continuar”, afirmou Zanotti Filho.
Procurado pelo Metrópoles, o sindicato disse que exige o respeito da administração municipal pelos direitos dos servidores e quer que a Prefeitura apresente uma proposta condizente com as necessidades da categoria. A paralisação continua na terça-feira (13/5) e deve permanecer por tempo indeterminado.
O que diz a prefeitura
Questionada pelo Metrópoles, a Prefeitura de Guarulhos, por meio de nota, afirmou que enfrenta problemas financeiros herdados da administração anterior. A gestão argumenta que o reajuste oferecido aos servidores tem base em uma limitação de orçamento e foi aprovado pela Câmara Municipal.
Além disso, a prefeitura reforçou o conhecimento sobre a importância dos servidores públicos e disse estar aberta ao diálogo para acordo.
“A adoção de um índice acima da capacidade orçamentária do município comprometeria seriamente a responsabilidade fiscal da gestão, o que poderia acarretar em penalidades legais e riscos ao funcionamento da máquina pública e mantém sua disposição para seguir dialogando com o futuro financeiro da cidade”, concluiu.