Uma pesquisa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP mostrou que diferenças socioeconômicas entre regiões da cidade de São Paulo também são capazes de gerar mudanças nos “microclimas” da capital, tendo as regiões periféricas temperaturas mais altas em comparação a áreas nobres.
Para fazer a comparação, foram escolhidos os distritos de Jardim Paulista, na região de Pinheiros, zona oeste, e a Vila Jacuí, que fica na subprefeitura de São Miguel Paulista, na zona leste. Os resultados indicaram diferenças notáveis de temperatura entre os pontos, chegando a 7,9 ºC no inverno e 8,8 ºC durante o verão.
Os locais foram destacados com base em um mapeamento das desigualdades socioespaciais em São Paulo, por meio do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Enquanto o Jardim Paulista tem IDHM de 0,942, o índice da Vila Jacuí é 0,736.
Para aferir as diferenças, foram instalados higrômetros nos locais escolhidos, para medir a temperatura e umidade relativa do ar. A medição ocorreu entre julho e agosto, como período representativo do inverno, e entre janeiro e fevereiro, para registrar as temperaturas no verão.
O estudo, feito pelo pesquisador Fernando Rocha Reis, mestre em Geografia Física na FFLCH, ainda mostrou a importância da presença de áreas verdes para o conforto térmico nas regiões periféricas. Isso porque também foram medidas as temperaturas em hortas do Grupo de Agricultura Urbana, na Vila Jacuí, onde as temperaturas registradas foram menores em relação ao entorno. A diferença chegou a ser de 5,9ºC no verão.