São Paulo — A Polícia Militar (PM) prendeu, neste domingo (11/5), Rosemberg Joaquim Santana, apontado como o homem que planejou e um dos principais envolvidos diretos no assassinato da professora Fernanda Bonin, de 42 anos. O suspeito foi preso durante uma ação policial no bairro Pedreira, na zona sul de São Paulo.
Segundo as autoridades, policiais militares receberam uma denúncia para averiguar um imóvel onde poderia estar o indivíduo. Ao chegar ao endereço, confirmaram a suspeita e prenderam Rosemberg.
O delegado geral da polícia paulista, Artur Dian, já tinha dito, em uma coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (9/5), que Rosemberg tinha um relação próxima com a ex-companheira vítima, Fernanda Fazio — também apontada como a mandante do crime. De acordo com ele, o suspeito era uma espécie de “faz-tudo” da mulher e ficou encarregado de elaborar o assassinato da professora.
O delegado Dian também revelou que já havia pedido a prisão preventiva do suspeito. Segundo o investigador, Rosemberg tinha “diversas” passagens pela polícia, incluindo por roubo e tráfico de drogas.
Envolvidos no crime
- Rosemberg é o terceiro preso sob a suspeita de participação no assassinato de Fernanda Bonin. Além dele, já foram detidos João Paulo Bourquim, flagrado por câmeras de segurança “desovando” o carro da vítima, e Fernanda Fazio, ex-companheira da vítima e apontada como mandante do crime.
- Um outro suspeito, identificado como Ivo Rezende dos Santos, está foragido. A polícia obteve um mandado de prisão preventiva contra ele por acreditar que o Ivo participou do abatimento da professora, na zona oeste de São Paulo.
- Uma mulher, cuja identidade ainda não foi divulgada, é investigada após aparecer nas filmagens junto com João Paulo se desfazendo do carro de Fernanda Bonin. Ela seria a quinta envolvida na morte da professora.
Dinâmica e motivação do crime
Em relação à dinâmica do crime, as autoridades também ainda não descobriram se a professora foi morta no momento em que foi abatida pelos três suspeitos (João Paulo, Rosenberg e Ivo Rezende) na esquina da Avenida Jaguaré com a Avenida Torres de Oliveira, na zona oeste de São Paulo, no caminho em que ficou sob controle dos criminosos, ou no local onde seu corpo foi encontrado, a cerca de 25 quilômetros do ponto inicial.
O que a polícia sabe é que o pedido de ajuda de Fazio, alegando que estava com problemas na marcha do próprio carro, serviu como isca para o aparecimento da vítima no local do crime. A mandante presenciou o abatimento da professora.
A motivação também ainda está sendo apurada pelas investigações. A hipótese trabalhada como mais provável é a de que Fazio não se conformava com o término do relacionamento com a vítima.
Uma segunda teoria levantada pela polícia seria o fato de Fernanda Bonin ter um seguro de vida, cujo valor variava entre R$ 400 mil e R$ 500 mil. De acordo com as autoridades, a mandante do crime é veterinária e possui uma clínica que não aparentava estar caminhando muito bem financeiramente. Por outro lado, a família da professora contou que a vítima era reconhecida na Europa e que tinha a possibilidade de lecionar no exterior em breve.
No momento da detenção de Fernanda Fazio, a advogada da presa afirmou que a segunda hipótese não faz sentido, visto que os beneficiários do seguro seriam os filhos do casal, que estavam sob a guarda de Bonin.
Como a motivação mais provável envolve o término do relacionamento, o crime foi tipificado como feminicídio.
Emboscada
Fazio estava com os filhos do casal, na noite do domingo, dia 27 de abril. Ela iria até o apartamento da vítima devolver as crianças à professora, visto que era ela que mantinha a guarda, por conta de uma decisão consensual.
A acusada de ser a mandante do crime, então, enviou uma mensagem, pedindo ajuda da ex-companheira, alegando que estava com problemas na marcha do carro. Ela estava na esquina das avenidas Jaguaré e Torres de Oliveira, na zona oeste de São Paulo, e mandou a localização para a vítima.
Câmeras de segurança flagraram Fernanda Bonin saindo de carro do seu apartamento no Jaguaré (veja abaixo) para ir até o endereço enviado pela ex. Segundo a polícia, os três homens suspeitos também foram ao local e foram levados por um motorista, ainda não identificado.
Veja:
Ao chegar ao endereço, a professora foi abatida pelos criminosos, que utilizavam uma faca. Os suspeitos colocaram a vítima no carro dela e deixaram o local. Fazio presenciou a cena. A polícia tem imagens que indicam que pelo menos um dos filhos do casal estava no carro da suspeita no momento do crime.
Após a professora ser levada, Fazio foi até o apartamento da vítima para construir o seu álibi. Ela alegou que foi devolver as crianças do casal, mas que não encontrou a ex-companheira, segundo informou o delegado Artur Dian.
No dia seguinte, ao notar que a professora não havia aparecido no trabalho, acionou a Polícia Militar e retornou ao edifício, onde viu as imagens de câmera de segurança da esposa saindo da garagem por volta das 18h52.
Quem era a professora
- Fernanda Reinecke Bonin era professora de matemática e lecionava para adolescentes na Beacon School.
- Em nota ao Metrópoles, a escola afirmou ter ficado “extremamente comovida com o falecimento da querida professora Fernanda Bonin”.
- “Fernanda marcou profundamente a vida de muitos estudantes e colegas com sua dedicação, sua gentileza e seu compromisso com a educação, e deixará muita saudade. É uma notícia que impacta toda nossa comunidade escolar”, diz a nota.
- A instituição de ensino ainda afirmou que ofereceu todo o apoio necessário às equipes e aos alunos.
- À polícia, a família da professora afirmou que a vítima era muito reconhecida na Europa e que tinha a possibilidade real de ir lecionar no exterior.