Acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele, Miriam Selma Miguel e João Alcisio Miguel, em 9 de junho de 2019, Paulo Cupertino Matias foi condenado, em São Paulo. Nessa sexta-feira (30/5), o Tribunal do Júri definiu que o réu é culpado pelo triplo homicídio. A pena, de 98 anos de prisão em regime fechado, levantou comparações com casos emblemáticos parecidos.
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Paulo Cupertino foi condenado nessa sexta-feira (30/5) a 98 anos de prisão em regime fechado
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Lindemberg Alves foi condenado pela morte de Eloá Pimentel, em 2013
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Suzane von Richthofen segue cumprindo a pena no regime semiaberto. Ela matou os pais
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Bruno foi condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samúdio, além do sequestro do filho Bruninho
Marcelo Albert/TJMG5 de 6
Elize Matsunaga foi condenada por matar e esquartejar o marido Marcos Kitano Matsunaga
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Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni foram condenados pelo homicídio de Isabella Nardoni
Polícia Civil/Reprodução
Suzane von Richthofen
Suzane von Richthofen foi condenada por participar do assassinato dos próprios pais, Manfred e Marísia, ocorrido em outubro de 2002, na zona sul de São Paulo. O crime foi cometido com o apoio do então namorado de Suzane, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Christian Cravinhos. A motivação principal teria sido o interesse na herança da família.
Suzane foi condenada, em 2006, a 39 anos e 6 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado. Ao longo dos anos, ela teve progressões de regime e, em janeiro de 2023, após mais de duas décadas do crime, obteve a liberdade condicional. Em 2015, Suzane passou ao semiaberto.
Lindemberg Fernandes
Lindemberg foi condenado a 39 anos de prisão por matar a ex-namorada Eloá Pimental, em 2008. Ele invadiu o apartamento no qual a adolescente de 15 anos morava. Além de Eloá, ele manteve reféns a amiga Nayara Rodrigues e outros dois colegas de escola delas.
Atualmente, Lindemberg está confinado na Penitenciária de Tremembé II, no litoral de São Paulo. Recentemente, ele conseguiu uma redução de pena em mais de 100 dias por causa de trabalhos prestados na cadeia.
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá
Outro caso que chocou o Brasil foi o de Isabella Nardoni, menina de 5 anos morta pelo pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá. Em 2008, a criança foi agredida e arremessada ainda viva do sexto andar de prédio na zona norte de SP, segundo as investigações.
Em 2010, Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos, um mês e 10 dias de prisão, e Anna Carolina Jatobá, a 26 anos e 8 meses, ambos por homicídio triplamente qualificado e fraude processual. Atualmente, eles estão em regime aberto.
Goleiro Bruno
Goleiro do Flamengo à época, Bruno Fernandes foi o mandante do sequestro e do assassinato de Eliza Samudio, com quem ele teve um filho. Em 2010, a mulher desapareceu após tentar cobrar na Justiça o reconhecimento de paternidade e pensão alimentícia.
O crime, que ocorreu em Minas Gerais, envolveu amigos e funcionários do goleiro, com detalhes de que Eliza teria sido esquartejada. Contudo, o corpo nunca foi encontrado.
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Bruno foi condenado, em 2013, a 22 anos e 3 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. Após cumprir parte da pena em regime fechado, ele obteve progressão para o semiaberto em 2019 e passou a viver em liberdade condicional em 2023.
Elize Matsunaga
Outro exemplo de homicídio de ampla repercussão no Brasil é o de Elize Matsunaga. Em 2012, ela confessou ter matado e esquartejado o marido, Marcos Kitano Matsunaga, executivo da empresa Yoki Alimentos. O crime ocorreu no apartamento do casal em São Paulo. A motivação seriam traições e desentendimentos sobre a guarda da filha do casal.
Elize chegou a colocar pedaços do corpo do esposo em malas, que foram abandonadas em uma área de mata na região metropolitana. Em 2016, a réu foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão por homicídio qualificado, destruição e ocultação de cadáver.
Em 2019, Elize obteve progressão para o regime semiaberto e, em maio de 2022, foi colocada em liberdade condicional, após cumprir cerca de 10 anos da pena.
O julgamento de Cupertino
- O julgamento de Cupertino pelo Tribunal do Júri começou na quinta-feira (29/5) com o sorteio dos jurados: de uma lista de 25 nomes, sete foram sorteados para compor o Conselho de Sentença.
- Os jurados sorteados fizeram a leitura das peças principais do processo, para se inteirar do caso julgado.
- O Conselho de Sentença que decide sobre a condenação ou absolvição dos réus, cabendo ao juiz somente presidir os trabalhos, realizar a dosimetria da pena em caso de condenação e redigir a sentença.
- Após a leitura dos casos, aconteceu as oitivas das testemunhas.
- Na sexta-feira (30/5), houve a fase dos debates, quando representantes da acusação, da defesa e do Ministério Público expuseram teses ao Conselho de Sentença.
- Após os debates, o Conselho de Sentença se reúne na sala secreta para votar os quesitos e decidir sobre a condenação ou absolvição dos réus.
- A etapa final foi a preparação da pena e leitura da sentença pelo juiz.
- Paulo Cupertino Matias foi considerado culpado e condenado a 98 anos de prisão em regime inicial fechado
Relembre o crime
O triplo assassinato aconteceu em 2019 em Pedreira, na zona sul da capital paulistana. De acordo com denúncia do MPSP, Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, que na época tinha 22 anos, o pai dele, João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, de 50, porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos.
Os pais do ator estavam no local porque queriam conversar com Cupertino sobre o namoro dos filhos.
Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas. Depois do crime, fugiu para Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai. O acusado foi preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel, em maio de 2022.
Em denúncia, o MPSP acusou o empresário de triplo homicídio qualificado. A pena para homicídio qualificado no Brasil é de 12 a 30 anos de reclusão. O advogado de Isabela, Guilherme Wiltshire, esperava que Cupertino fosse condenado pelo Tribunal do Júri, e sentenciado a cerca de 100 anos de prisão.