São Paulo — O Sindicato dos Policiais Penais do Estado de São Paulo (Sindpenal) alega que o governo de São Paulo, chefiado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), extinguiu mais de 12 mil cargos da Polícia Penal, em meio ao “maior déficit funcional de sua história”.
Segundo a entidade, em abril deste ano, a gestão estadual reportou no Diário Oficial a existência de 26.057 cargos relacionados à segurança penitenciária. Um ano antes, em abril de 2024, o estado havia reportado a existência de 38.083 cargos na área.
Ainda de acordo com as contas apresentadas pelo sindicato, a medida eliminou 2.633 cargos de agentes de escolta e vigilância penitenciária (AEVP) e 9.393 de agentes de segurança penitenciária (ASP), em comparação com o efetivo da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
A entidade diz que o quadro de 2024 previa 28.254 cargos para segurança interna e 9.829 para externa, totalizando os 38.083 policiais. No entanto, 26.053 cargos estavam efetivamente ocupados no início de 2025 – 7.195 na segurança externa e 18.858 na interna.
“O governador, em vez de abrir concursos para preencher as vagas existentes, optou por simplesmente eliminá-las do papel. É como apagar a febre quebrando o termômetro”, afirmou o presidente do Sindpenal, Fabio Jabá.
Proporção abaixo do recomendado
- Segundo o sindicato, a média da proporção entre presos e agentes chega a quase 11 detentos por funcionário penal, mais do que o dobro do recomendado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) — e também por órgãos internacionais — de cinco detentos por policial penal.
- A Penitenciária II de Itapetininga, no interior de São Paulo, apresenta a maior proporção entre presos e agentes do estado, com 25,97 detentos por funcionários.
- Além do presídio de Itapetininga, outras cinco penitenciárias no território paulista superam os 20 detentos por agente: Penitenciária I de Avaré com 20,73 presos por agente; Centro de Detenção Provisória de Lavínia com 21,01 presos por agente; Penitenciária de Marabá Paulista com 21,02 presos por agente; Centro de Detenção Provisória de Aguaí 22,85 e a Penitenciária Masculina de Capela do Alto com 23,90.
O sindicato também revela que a situação na segurança externa e na escolta também são consideradas “graves”. Segundo o Sindpenal, uma escolta mobiliza um efetivo mínimo de 2.300 homens, restando apenas 4.896 servidores para fazer a segurança das 182 unidades, “ou seja, pouco mais de seis policiais por turno em cada unidade”.
O Metrópoles procurou a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) a respeito dos números apresentados nas respectivas penitenciárias, mas ainda não obteve retorno até o momento desta publicação. O governo do estado também foi procurado, mas não retornou ao contato. O espaço segue em aberto.