Nos últimos dias um rumor apareceu na internet. Com o intuito de acelerar o lançamento de carros elétricos na China, a Toyota estaria negociando para comprar a Neta Auto. O que viria bem a calhar para ambos os lados, uma vez que a empresa chinesa passa por um momento financeiro bem delicado.
Apesar da notícia ter sido divulgada por diferentes veículos de comunicação, em especial os chineses, o diretor de comunicações de marca da Toyota China, Xu Yiming, negou qualquer tipo de negociação entre as duas empresas. “Nunca ouvimos falar desse assunto e pedimos ajuda para esclarecer esse boato”. Em nota a meios de comunicação, a Neta também negociou qualquer tipo de conversa com a montadora japonesa.
Com o fim dos rumores, o mais provável destino da Neta — que atualmente vende carros no Brasil — é a falência. A Hozon New Energy Auto, mãe da startup de carros elétricos, já está com um pedido em andamento, conforme mostra Plataforma Nacional de Divulgação de Informações sobre Falências Empresariais da China. O caso está sendo processado pelo Tribunal Popular Intermediário da Cidade de Jiaxing, na província de Zhejiang.
Segundo a jurisdição local, o processo de falência começa com um pedido formal ou um pedido de pré-reorganização. Após isso, o tribunal tem até cinco dias para notificar a empresa. Após isso, o devedor tem até sete dias para para levantar quaisquer objeções ao arquivamento. Se o tribunal aceitar, a empresa ou seu representante tem seis meses para apresentar um projeto de reorganização.
Fundada em 2014 pela empresa Hozon, a Neta, está em queda livre desde meados de 2024. Em 2023, a empresa estava avaliada em 42,3 bilhões de yuans (cerca de R$ 32,5 bilhões), mas no início deste ano ela viu seu valor de mercado cair 80%, para apenas 6 bilhões de yuans (R$ 4,64 bi).
Além disso, a Neta também viu as vendas de seus carros despencarem na China. A montadora foi de 64.500 unidades vendidas no acumulado de 2024 para apenas 110 em janeiro de 2025 e a situação não tende a melhorar, uma vez que recebe críticas por exagerar no desempenho de seus veículos e por ter tecnologia defasada.
A crise tem gerado represálias entre seus investidores — que incluem, principalmente, empresas estatais da China — e seus fornecedores. A Neta já soma uma dívida de 6 bilhões de yuans aos seus fornecedores, sendo obrigada a fazer uma proposta de converter 70% das dívidas em ações e pagar o restante em parcelas. Porém, avisou que, para isso, deve pagar salários e previdência social, caso não arrume um novo capital.
Compartilhe essa matéria via:
Caso venha a declarar falência, as empresas estatais terão prioridade em receber os pagamentos, enquanto os fornecedores correm o risco de ficar sem receber.
Outro detalhe é que a sua fábrica em Tongxiang, na China, segue sem conseguir produzir e passa por uma escassez de peças. A empresa também pode enfrentar penalidades na Tailândia, onde tem uma planta e recebe até 150.000 baht (R$ 23.000) em subsídios por unidade produzida. Mas para que o acordo continue, ela deve atingir as metas de produção local, caso contrário, terá que reaver o dinheiro recebido com juros.

Uma de suas últimas esperanças estava na rodada E de investimentos — a última possível para uma startup. A empresa esperava faturar entre 4 e 4,5 bilhões de yuans (R$ 3,2 – 3,6 bi) e um investidor principal bancando 3 bilhões de yuans (R$ 2,4 bi). O dinheiro estava previsto para chegar em abril e seria usado para restaurar a produção. Porém, fontes ligadas à Neta disseram que o pagamento ainda não chegou.

Enquanto isso, no Brasil, a empresa já lançou dois modelos, o X e o Aya, mas as vendas não andam bem. De acordo com números divulgados pela ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) foram apenas 46 carros emplacados, dois em 2024 e 42 neste ano.
Em janeiro, durante a inauguração de sua primeira loja, a empresa anunciou que negociava uma parceria com CAOA e HPE para produzir em suas fábricas a partir de 2026.