A Verde Asset Management, de Luís Stuhlberger, avalia que a proposta do governo de reformular a tributação sobre investimentos tem méritos ao buscar reduzir distorções, mas alerta que a medida está sendo conduzida em um ambiente de pouca articulação e ausência de controle fiscal.
“Embora o tema seja meritório ao reduzir distorções, a falta de articulação combinada à mais completa ausência de sinal de controle sobre os gastos tornam o tema bastante indigesto”, afirmou a gestora em carta mensal divulgada nesta terça-feira (10).
A crítica ocorre no contexto da substituição parcial do aumento do IOF por uma proposta de mudança ampla na tributação de aplicações financeiras, ainda em negociação com o Congresso, em meio ao que a casa diz serem “sinais claros de que [o governo] não entende adequadamente as consequências de várias de suas medidas.”

A Verde destaca que, “como vimos em situações recentes, é pouco provável que saia do Congresso algum aumento substantivo de receitas” e avalia que, pressionado por objetivos eleitorais e por uma crise de popularidade, o Executivo tende a “jogar a conta para a frente”.
A gestora também observou que o otimismo do mercado com ativos brasileiros, especialmente a bolsa, “parece ter encontrado algum limite imposto pela realidade difícil da situação fiscal”.
“Subestimamos a probabilidade de Trump ceder tão rápido”
No cenário internacional, a Verde apontou que os riscos de um conflito comercial mais amplo foram amenizados em maio. Os Estados Unidos assinaram um acordo com o Reino Unido e recuaram nas tarifas contra a China após uma rápida reunião na Suíça. A gestora atribui o recuo à pressão da China, que ameaçou cortar exportações de metais e terras raras.
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Apesar de não ter capturado a recuperação do mercado acionário americano – o Nasdaq subiu 9,04% no mês –, a gestora obteve ganhos em posições ligadas à inflação nos EUA e criptomoedas. “Subestimamos a probabilidade de o governo Trump ceder tão rápido”, admitiu.
Desempenho do fundo e posições
O fundo Verde teve rentabilidade de 1,31% em maio, superando o CDI do período, de 1,14%. No acumulado do ano até maio, o fundo soma alta de 6,12%, também acima do CDI de 5,26%.
As maiores contribuições positivas no mês vieram das posições em juro real brasileiro, inflação americana, criptoativos e ações locais. Já as perdas vieram das proteções em bolsa global, do livro de moedas e da posição comprada em ouro.
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Em termos de alocação, a Verde manteve posição zerada em bolsa brasileira e segue levemente vendida em bolsa global. No Brasil, a casa mantém posições compradas em juro real. Nos Estados Unidos, reduziu sua exposição à inflação e aumentou a alocação em juros reais. Em moedas, está comprada no euro, no real e no ouro. Também mantém posições em crédito high yield local e global.