São Paulo — O maior colecionador de camisas de futebol do mundo, Cássio Brandão, de 45 anos, afirmou que a escolha de uma possível camisa vermelha como uniforme da Seleção Brasileira não faz muito sentido nos dias atuais, mas deve seguir uma “conexão muito mais histórica do que mercadológica”.
Natural da zona leste de São Paulo, Cássio é formado em publicidade, acumula camisas de futebol há 25 anos e foi reconhecido como maior colecionador do mundo nesse quesito pelo Guinness Book, em abril de 2024, quando tinha pouco mais de seis mil camisas — número que já saltou para quase sete mil neste ano.
O publicitário defende que cada camisa tem uma história e colecioná-las ajuda na manutenção da história do futebol.
Por falar em história, o colecionador diz que a Seleção Brasileira já usou a cor vermelha como uniforme em uma ocasião anterior, durante uma competição sul-americana, em 1917, mas que os motivos para a escolha da cor “não são muito claros”. Cássio acredita que hoje não mais sentido usar vermelho em um dos uniformes.
“Não faz muito sentido o Brasil usar vermelho hoje. Primeiro tem que se confirmar essa história. A CBF ainda não confirmou, a Nike ainda não confirmou esse possível vazamento, mas eu acredito demais que a gente tem que fugir desse desejo mercadológico e conectar um pouco mais com a história, contar um pouco mais de história. O Brasil joga historicamente de branco, de amarelo e de azul”.
Cássio ainda conta a única vez que a Seleção Brasileira jogou com um patrocínio master estampando o meio da camisa. A marca escolhida na época foi a Coca-Cola e a cor do patrocínio era justamente vermelho. O exemplar é um dos itens da grande coleção do publicitário.
A própria atual conjuntura dos uniformes da Seleção já sofreu alterações devidos a um trauma esportivo, em 1950: o Maracanazzo. A camisa branca foi usada na fatídica derrota do Brasil para o Uruguai pelo placar 2 a 1 na final da Copa do Mundo, no Maracanã, e após esse dia, “acabou caindo em desuso”.
A “amarelinha” seguiu sendo utilizada e se tornou a camisa mais importante do futebol mundial. A camisa azul começa a ser usada na final da copa de 1958. Ela foi idealizada por Paulo Machado de Carvalho, inspirado no manto de Nossa Senhora Aparecida, e foi utilizada no jogo que determinaria o primeiro título mundial do Brasil para evitar um segundo vexame usando branco, visto que a Suécia, adversário do Brasil, tinha o amarelo no primeiro uniforme.
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Camisas marcantes





Camisa vermelha usada pelo Brasil em 1917
Museu da Seleção Brasileira/ Reprodução
A única vez que a Seleção Brasileira jogou com um patrocínio no meio da camisa foi com a Coca-Cola
Rodrigo Freitas/ Metrópoles
Camisa usada em 1994
Rodrigo Freitas/ Metrópoles
Camisa usada pelos goleiros do Brasil na copa de 1994
Rodrigo Freitas/ Metrópoles
Cássio Brandão é o maior colecionador de camisas do mundo, segundo o Guinness Book
Rodrigo Freitas/ Metrópoles
- Enquanto mostrava algumas das camisas da sua vasta coleção, Cássio conta com bom sentimento sobre as que marcaram a história da Seleção.
- Ele cita as camisas amarelas usadas em 1994, ano do tetra. Apesar do título, Cássio conta que o tecido usado na vestimenta não era o mais favorável para jogar “naquele calorão americano”. A copa daquele ano foi disputada nos Estados Unidos.
- O publicitário também lembra das “lindas camisas” de goleiro usadas nas copas de 1982 e 1986.
- Cássio mostra um item bem raro envolvendo o Brasil em sua coleção: uma camisa usada pelo Ronaldo Fenômeno em um amistoso de 100 anos da Fifa, disputado entre Brasil e França. A malha de cor branca era composta de algodão e homenageava o começo da Seleção Brasileira.