O padre Patrick Fernandes resolveu, na sexta-feira (2/5), opinar sobre a “febre” que se tornou o pastor mirim Miguel Oliveira. Através do TikTok, o religioso analisou o comportamento do menino, soltou o verbo contra os adultos que estão por trás desse sucesso e aproveitou para aconselhar os seguidores das igrejas.
“Gente, eu prometi que não ia falar nesse assunto, mas não aguentei. Primeiro de tudo, eu acho que estão pegando pesado demais com uma criança, esse menino tem 15 anos. Eu fico me comparando… Eu recebo tantas críticas na internet, e quem está na internet recebe muitas críticas. E olha que eu tenho costas largas e [mesmo assim] isso me machuca tanto, imagina uma criança? Então vamos dar uma maneirada, viu, gente?”, afirmou.
Miguel é um “vítima”
Na publicação, padre Patrick afirmou: “Segundo, ele é vítima de uma indústria que está contaminando muitas religiões por aí. Eu gostaria de deixar bem claro que acredito, verdadeiramente, que a graça de Deus acontece em igrejas evangélicas. Conheço evangélicos e pastores extraordinários que buscam viver uma vida de santidade. Então, esse tipo de apresentação não define igrejas evangélicas”, garantiu, antes de completar:
“Depois, gente, isso só acontece porque tem adultos que estão por trás disso. Que veem, de forma deliberada, nesse tipo de comportamento, uma oportunidade de enganar pessoas”, disparou.
O que os fiéis buscam
O religioso ainda pontuou o que as pessoas buscam nas igrejas: “O que está acontecendo é que a maioria do nosso povo vai à igreja atrás de algo que possa dar paz. Sõ pessoas que às vezes estão extremamente sensíveis, passando por problemas, por dificuldades e acabam se deixando levar por algumas coisas que, a primeiro modo, são revelações”, comentou.
E completou: “Você não vai pra igreja pra encontrar paz, não, meu querido. Se você está indo com esse propósito [em busca de revelações], você está errado. Nós vamos pra igreja porque a gente tem a consciência que precisa de Deus, e não o contrário”, detonou.
“Linguagem dos anjos”
Uma das coisas que fez com que o pastor mirim viralizasse foi a “linguagem dos anjos”, que ele afirma reproduzir. Padre Patrick também reagiu a isso: “E aí vem um ponto muito importante: a graça de Deus não vem em falar palavras estranhas. Isso eu posso falar aqui, agora, pra vocês [e repete algumas palavras indecifráveis]. Isso não é oração em línguas, oração de anjos, não. Isso é coisa da cabeça da pessoa”, pontuou.
Em seguida, ele esclareceu: “Não estou dizendo que o menino lá faz isso de má-fé, não. Talvez ele faça isso porque aprendeu com outro. E, ah, ‘Deus tá me mostrando que tem alguém [sofrendo] aqui’. Sempre vai ter alguém sofrendo e doente numa igreja. E esses momentos deveriam ser para dar suporte a essas pessoas e não enganar”, abservou.
Miguel se descreve como “profeta”
Ainda na postagem, o padre explicou o que seria um “profeta”, que o pastor adolescente diz ser: “Outra coisa, profeta… Não se dê esse título. É alguém que sofre, não é alguém que está nessas igrejas andando de carro de luxo, usando roupa de grife e pedindo dinheiro para pregar, não. Pelo amor de Deus. E muito menos apóstolos. Eles foram as testemunhas oculares, aqueles que viram o Senhor. Quem são vocês? Nós somos discípulos, missionários e seguidores”, enumerou.
Logo depois, ele detalhou: “Existem profetas nesse mundo, mas tem que ter um testemunho muito grande de vida para se dar esse título. Sabe o que está faltando? Palavra de Deus, Bíblia, pregar a verdade que liberta, que revela, aquilo que Deus quer falar e não o que você quer falar”, criticou.
Responsabilidade
Na filmagem, o religioso ainda analisou: “A culpa é destes que estão à frente. Altar não é lugar de criança, não para esta finalidade, não para pregar. Eu estudei 4 anos de teologia, passei 7 anos da minha vida no seminário, tenho 12 anos de padre e, ainda assim, quando estou diante de um povo, fico tão apreensivo porque tenho que falar em nome de Deus”, detalhou.
E aproveitou para rebater: “Não coloquem essas crianças em cima dos altares pra pregar, acaba virando teatro. É visível, é teatro, é algo dramatizado. Eles estão vendo os adultos fazerem e repetem como papagaios. O Miguel, coitado, é uma vítima dessa indústria e não sei onde a gente vai parar com isso”, lamentou.
Ao terminar, ele aconselhou: “E, por fim, ao povo: larguem de ser tontos, parem de se enganar por coisas desse tipo. Deus não se manifesta dessa forma ‘o Grandão da Galileia’. Esses erros, essas aberrações, também existem na Igreja Católica”, desabafou.